sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Review Shows Metallica - Dias 30 e 31 de Janeiro de 2010.






Metallica – Estádio do Morumbi – São Paulo – SP – 30 e 31 de Janeiro de 2010.

Texto – Eduardo Junior
Fotos – Luciana S.

Meados de 1993, este que vos escreve no auge de seus 12 anos tem seu primeiro contato com uma banda chamada Metallica. O vinil (sim, na época era vinil, diga-se de passagem, bons tempos aqueles!) o “play” era o absoluto “Master Of Puppets”, o choque foi imediato e minha concepção sobre música, sobre Metal, adquire a partir daí uma nova roupagem, uma nova perspectiva e diante disto, após este choque, tudo que já havia surgido e que viria a surgir levando o nome do Metallica (musicalmente falando) seria vorazmente consumido por mim ao longo de todos estes anos, sejam eles com decepções (que foram muitas) ou não.

Cerca de 17 anos depois, lá estou eu, acompanhando as apresentações do Metallica em SP, prestes a testemunhar um pedaço da história do estilo de música que amo ser escrito diante de meus olhos, a expectativa era enorme para ver e ouvir os clássicos imortalizados que marcaram minha adolescência e minha vida, como já ocorreu em outros shows, estava ciente de que a “Máquina do Tempo” seria ligada novamente, SIM, digo “Máquina do Tempo” porque a meu ver, assistir a um show como este, de uma banda com esta importância e com todo o significado de um Metallica, é como entrar em uma “Delorien” ( para quem não sabe o que é uma, assistam os filmes da série “De volta para o Futuro” ! ) e viajar, reviver, relembrar e ser automaticamente transportado para a época em que o contato com determinada música ocorreu, sentimentos diversos da época voltam a tona e a emoção acompanhada de algumas lágrimas são inevitáveis, qualquer criatura com um pingo de sensibilidade musical e de alma, tem seus batimentos cardíacos acelerados instantaneamente em momentos assim.

Para o primeiro show em SP, assim como no segundo show, estive muito bem acompanhado por uma pessoa para lá de especial para mim (muito mais do que ela mesma pode imaginar! E diante da maratona que foram estes dois shows, creio que dei uma grande prova de que o que digo é verdade!) e que também teve sua vida marcada pelo Metallica, que também chorou e se emocionou com o que via e ouvia, éramos apenas duas pessoas em meio a milhares que certamente compartilhavam da mesma emoção que nós, o que era algo totalmente surreal e contagiante.

O Show do dia 30 como já previsto e seguindo o que foi apresentado em Porto Alegre, foi composto por uma mescla de músicas do novo trabalho da banda, o aclamado “Death Magnetic” e por clássicos imortais da fase áurea do Metallica, como poderá ser conferido abaixo:
"Creeping Death"
"For Whom the Bell Tolls"
"The Four Horsemen"
"Harvester of Sorrow"
"Fade to Black"
"That Was Just Your Life"
"The Day That Never Comes"
"Sad But True"
"Broken, Beat & Scarred"
"One"
"Master of Puppets"
"Blackened"
"Nothing Else Matters"
"Enter Sandman"
Bis
"Stone Cold Crazy" (cover do Queen)
"Motorbreath"
"Seek and Destroy"
Neste primeiro show, assisti ao mesmo da Arquibancada Superior Azul, e o espetáculo das rodas, dos mosh’s, da galera agitando foi um ponto a parte que deve ser citado aqui, três grandes amigos meus que o digam ( Zé Carlos, Teti e Alan Tattoo ), pois a volta para a casa teve como prêmio alguns hematomas, cortes, vergões e etc e como sempre, muita história para contar, coisas que fazem parte de um show e é indispensável para quem curte um agito como este.

Após a maratona “light” do dia 30, eu estava totalmente preparado para enfrentar a ultra maratona do dia 31, onde a grade era o meu limite e também o de minha especial Cia, Srta Luciana que, diga-se de passagem, é uma mulher de sorte, pois segurei o rojão na escolta da mesma com muita bravura rs, tudo isto por conta de alguns imbecis que durante o show deram início a tradicional sessão de tortura ( socos nas costas, chutes nas pernas, aquela comum disputa insana por espaços pífios, onde ombros fortes e cotovelos afiados fazem toda a diferença contra este tipo de gente ), tudo isto em busca da tão sonhada grade, o problema é que se os homens já sofrem com isso, imaginem as mulheres ? Tive muito trabalho ! (Viu só? Não faço isto por qualquer uma não mocinha!), realmente este é o ponto negativo do público sul-americano em especial, infelizmente não existe respeito nenhum nesta disputa doentia por espaços mínimos.

A concentração para o segundo show foi um pouco mais longa e mais tortuosa devido ao sol escaldante que torturava aqueles que chegaram cedo para buscar um lugar privilegiado para curtir o show, muito água e alimentos leves eram absolutamente indispensáveis.

Por volta das 15 h, os portões foram abertos e o público da área VIP já se amontoava próximo a sonhada grade, interagindo com alguns seguranças muito bem humorados que nos abasteceram de água durante todo o show o que logicamente nos ajudou muito a suportar a tortura física.

Uma chuva muito bem vinda se fez presente para amenizar o escaldante calor do dia e deu boas vindas também ao Sepultura, que abriu ambos os shows com muita competência e energia, aliás, creio que não poderíamos ter outra banda de abertura para shows do Metallica, uma vez que o Sepultura sem sombra de dúvidas é a banda brasileira mais conhecida e com maior projeção no exterior dentro da vertente do Metal.

Com certo atraso, o Metallica sobe ao palco por volta das 21 h, minhas pernas que agüentaram firme o tranco de estar em pé praticamente desde as 11 h da manhã provam que o limite do ser humano é muito maior do que se pode imaginar, pois as pernas foram exigidas ao máximo para manter o corpo em pé e para manter o espaço na disputada grade.

O set list como já esperado é modificado para esta segunda noite, e é justamente aí onde o Metallica mostra estar a frente de outros grandes nomes da música pesada hoje em dia ( a grande maioria é previsível e mecanizada ), estas mudanças são altamente benéficas e consagradoras pois dão um Q de surpresa que deixam os fãs satisfeitíssimos, abaixo segue o set list da segunda noite em SP:

“Creeping Death “
“Ride The Lightning “
“Fuel “
“Sad But True “
“The Unforgiven “
“That Was Just Your Life “
“The End Of The Line “
“Welcome Home (Sanitarium) “
“Cyanide “
“My Apocalypse “
“One “
“Master Of Puppets “
“Fight Fire With Fire “
“Nothing Else Matters “
“Enter Sandman”

Bis:
“Helpless “ ( cover do Diamond Head )
“Hit The Lights “
“Seek and Destroy “

Momentos emocionantes fizeram parte destas duas noites, o que vimos foi um Metallica raivoso, carismático, elétrico, inflamável literalmente devido ao espetáculo pirotécnico, tudo isto testemunhado com muito sacrifício, seja ele físico, devido a todas as provações que passamos por conta da luta árdua para vê-los de perto, ou pela luta monetária, devido ao preço salgado dos ingressos, mas a pior das lutas, realmente é a física como já dito por mim, mas, no final, o sentimento de “PQP, consegui agüentar, vi o show de perto e ainda peguei uma palheta!” tudo isto é gratificante, além do fato de estar aparentemente fisicamente inteiro, tudo isto, combinado, faz com que tudo valha a pena, cada minuto e as conseqüências, bom, elas eu deixo para quem se preocupa com elas (para isto existem acordos de cartão de crédito, e para as pancadas existe gelo e Gelol !)

Aliás, para mim, particularmente, por essas e outras razões este fim de semana como um todo, onde a energia metálica do Metallica começou a entrar na corrente sangüínea desde a sexta feira, data em que cheguei a SP, cada minuto será lembrado e será revivido quando a “Máquina do Tempo” for novamente ligada, quando as emoções vierem de novo a tona, quando as lembranças brotarem da mente, e creio que não vai demorar muito para isto acontecer, palavras de Lars Ulrich “Podem ter certeza de que o Metallica vai demorar muito menos do que 11 anos para voltar ao Brasil”, o que resta a dizer em resposta é “ Venham, e estaremos lá novamente lutando para vê-los ! “.

Pontos Positivos: A união dos verdadeiros fãs que curtem o show com civilidade e se ajudam. A Cia especial da Luciana que tive durante todo este fim de semana e que colaborou com esta matéria sendo a fotógrafa oficial (quando a “Máquina do Tempo” for ligada, sem dúvida me lembrarei instantaneamente de todos estes momentos que passamos nessa aventura inesquecível, apesar de que, lembrar de você não é preciso muito sacrifício rs).

Pontos Negativos: O maldito ser que estava no comando da mesa de som do show que insistiu irritantemente em manter no “repeat” um CD insuportável onde rolavam músicas chatas em meio a poucos clássicos que chegaram a se tornar um porre tamanha a quantidade de repetições, alguém, por favor, avise aos organizadores de eventos como este que uma boa música, em altura descente, variada e coerente com a banda headliner ajuda muito a suportar a espera tortuosa pelo espetáculo.

Agradecimentos Especiais: Luciana S., José Carlos, Alan Tatoo, Marcio Teti, seguranças distribuidores de água, pessoal da grade que se uniu contra os ogros acéfalos e ao tio que me deu 5 cigarros na primeira noite em troca de uma cerveja, o nervoso era muito grande e precisava fumar para acalmar.

Line Up:

James Hetfield – Vocals and Lead Guitars
Kirk Hammet – Lead Guitars
Robert Trujillo – Bass
Lars Ulrich – Drums