quinta-feira, 30 de julho de 2009

Sobre "ser" e "ter" ... (por maurício)

Tudo começou no dia em que guincharam minha moto na Via Expressa Sul por não ter pago o IPVA em dia. Veio-me na cabeça então cacos de pensamentos antigos onde eu dizia em frases pras pessoas trechos como "vou lavar MINHA moto" ou "quer uma carona na MINHA moto?", etc. Me veio então, muito claramente, que nem minha moto era minha; me pergunto então: até que ponto eu realmente tenho algo? E mais, até que ponto eu realmente sou algo?
Pessoas passam incontáveis horas em cadeiras estudando pra "serem" alguma coisa. Outras pessoas passam incontáveis horas praticando, lendo, mofando, vivendo, trocando, vendendo, comprando... enfim... fazendo alguma ação alucinante ou não pra dizerem: "sou isso". "Vendi muito, por isso sou um vendedor"; "estudei muito, por isso sou um médico"; "pratiquei muitas escalas diatônicas, por isso sou músico". Vai a merda tudo isso. Então quer dizer que eu não sou nada? "Nunca fiz merda nenhuma, então eu não sou nada". É assim que funciona? Depois de muito refletir, cheguei a conclusão que talvez não. E veja, ainda que eu afirme tal teoria ela não é uma verdade absoluta pois é só um ponto de vista, mas acho que é valida. Veja, ninguém há de ser nada nessa vida a não ser "ser humano", e pronto, pois se você pegar ao pé da letra, tudo, partindo daí, varia. Por uma questão de religiosidades, conceitos, éticas, morais, preceitos, e tudo mais, somos apenas seres humanos, o resto é puro erro de cálculo. Dizer que "somos" algo é pretensão. "Eu sou um carteiro pois entrego cartas". Errado. O indivíduo é apenas o indivíduo e pronto. Pro estado você é um número. Pro político, um voto. Pro médico, um salário. Pro comerciante, você é um cliente. E assim vai. Portanto, veja: não importa o quanto você realmente se empenhe em ser algo. Para olhos alheios, você será apenas mais um indivíduo. Não importa o quanto você se esforce pra tentar ser alguma coisa, você é um indivíduo e pronto. Médico, engenheiro, advogado, padeiro, policial... tudo ilusório. Tudo fictício, ao ponto que ao final nada resta. E se deus existir, certamente ele não divide o céu em repartições.
Quanto a ter, veja, também é ilusório. Minha moto foi guinchada por eu não ter pago uma taxa pra poder usá-la para o estado. Logo, minha moto é do estado. E se você for pensar bem, você mesmo é do estado. Tem um número no seu RG, que está também em um computador, que está também no google! Com esse número você pode cruzar fronteiras, abrir contas em bancos, usar dinheiro alheio, etc, etc,etc. Tá ficando doido? Espera mais um pouquinho então: Nada é seu! Nem seu corpo! Suponhamos que realmente exista alma. Portanto ela está usufruindo do seu corpo por algum motivo. Ao final da vida, ela vai descartá-lo, certo? Portanto o que é você? Alma? O corpo já sabemos que não... é só dar uma olhada na superlotação dos cemitérios. Somos o passado? Somos um punhado de lembranças? Somos poeira? Somos o que temos? Temos o que somos? Não somos nada. Não é pessimismo ou niilismo, é coerência. E nesse nada absurdo e desumano, nos resta no mínimo a tentativa da autocompreensão de tudo o que acontece dentro do nosso coração pra que assim possamos passar qualquer tipo de mensagem a diante. Pra que? Eu não sei, mas foi o que meu coração disse depois de 22 anos de perguntas sem nenhuma resposta. Nem UMA resposta. Injusto? Claro que não, afinal a justiça também não é merda nenhuma.

quarta-feira, 15 de julho de 2009

O trem... ... (por maurício)

Se o tempo passar como passa um trem
Posso escolher novas trilhas p'ros meus poréns
Posso colher novas notas pros meus acordes
Posso deixar correr os minutos bem mais além

Se o tempo tardar como tarda um trem
Posso escrever novas vidas em meus lençóis
Posso colher novas hortas em meus quintais
Posso deixar chover os segundos bem mais, porém...

Se o tempo voar como voa um trem
Tenho de escrever rápido e de qualquer jeito
Tenho de colher depressa como um carro desfaz-se no leito
Não devo deixar correr, nem chover e nem voar as horas como faz o trem

E então, quando o tempo parar como para um trem
Poderei perguntar ao maquinista se escrevi bem
Poderei colher os quilômetros como cinzas, ou quem sabe, neste além...
não me deixarão acordar porque talvez... nunca houve trem.

maurício

Vinícius de Moraes ... (por maurício)

Não importa quanto tempo passe, devemos sempre ser amigos dos nossos amigos; ainda que a única coisa que se tenha em comum seja o passado...

maurício

terça-feira, 14 de julho de 2009

sem título ... (por maurício)

definitivamente quanto mais eu sei, menos eu vivo. Seria a saída não saber? Ou sabia saída é não ser? Foda-se!

maurício